quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Primeira pessoa

Ontem, a fazer noite de serviço na farmácia, as frases que mais ouvi foram "vim directo aqui à farmácia porque já sabia que, indo para o hospital, passava lá a noite e o resultado era o mesmo", ou "ainda passei à porta das urgências, mas está lá tanta gente que nem valia a pena esperar".

E isto é tenebroso. É o retrato vivo dos utentes que estão a perder a confiança no serviço público e recorrem a outros meios - quando podem.
Começam a ser recorrentes as notícias de pessoas que morrem com as pulseiras de triagem no pulso. Justifica-se com a altura do ano, a falta de médicos e a grande afluência aos hospitais. Abrem-se inquéritos para apurar responsabilidades e o diabo a quatro mas, no fim do dia, a única certeza é que o Serviço Nacional de Saúde não tem capacidade de resposta perante as necessidades dos utentes. Vamos tapando o sol com a peneira, nos grandes números estamos menos mal, mas são estes números pequeninos que fazem a diferença.

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