Alguma alma caridosa que
me explique esta notícia como
se eu fosse muito burra.
Ora portanto, a Associação
Nacional das Farmácias acha que vender medicamentos em farmácias e
parafarmácias não chega, e quer alargar o negócio a cafés, bombas de gasolina,
quiosques e afins. São as novidades fresquinhas que nos chegam do sector
farmacêutico, proferidas directamente pelos "cães grandes"
do sítio.
Não sei se ria, se chore. Estamos portanto a equiparar medicamentos a aperitivos; a vender, num mesmo espaço, produtos de saúde e revistas. Por um lado apelam ao uso racional do medicamento, por outro espalham-nos em tudo o que é sítio como doces para crianças, a promover a compra por impulso.
Surgem-me várias
dúvidas. Por exemplo, não sei se vão pegar nos empregados das gasolineiras e
cafés e dar-lhes uma formação sobre medicamentos, ou se vão dar-me a mim
formação sobre diesel e octanas, abatanados e cariocas. Num momento vendo
pãozinho acabado de sair do forno, a revista Maria, o amaciador para a roupa com
cheirinho a flores campestres, no momento seguinte visto uma bata branca e
vendo aspirinas a hipocoagulados e anti-inflamatórios a asmáticos. Da
parte da tarde ponho uma capa esvoaçante e transformo-me na super-mulher, que
isto hoje em dia é preciso ter olho para o negócio e ser polivalente.
Agora a sério, isto anda
pior do que os chineses, em todos os buraquinhos se abre um espaço de venda de
medicamentos. Vão por mim e não se virem de costas para a ANF. O critério é
nenhum, a falta de bom senso é abismal, a incompetência das entidades que
deviam ser competentes dá-me cabo do juízo. Assim como ver a saúde a ser
tratada com esta leviandade, tenho em vista só e apenas cifrões e oportunidades
de negócio. Merda de país este, que
quanto mais esperneia mais se enterra.
Preciosismos à parte,
temos aqui um nicho com muito potencial de mercado. Já estou a imaginar:
anti-ácidos nos restaurantes, cremes para as picadas e queimaduras nos bares de
praia, pílulas do dia seguinte nos hóteis. O céu é o limite. Isso ou a
estupidez humana, já estou como o Einstein.
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