Até eu, que não sou nada de resoluções de ano novo, decidi começar este com uma alimentação assim pouco mais ou menos a imitar o saudável. Nada de mais, só uma tentativa de não fazer a refeição da asneira a todas as refeições. Gosto de cozinhar mas, a viver sozinha, às vezes a paciência para cozinhar só para mim não é muita, e acabo a comer atum ou cereais. Não sei onde é que vão buscar imaginação para pratos elaborados todos os dias, mas gostava de ser assim, juro. Os horários manhosos também não ajudam. E pior do que as refeições, é fora delas. Já percebi que o segredo é não ter açúcar, nas suas mais variadas formas, em casa. É que além de cozinhar, acontece que gosto muito de comer. Longe vão os dias em que as lágrimas me corriam cara abaixo enquanto mastigava os brócolos, sob o olhar atento da mãe. De resto, a casa dela continua a ser uma excepção a qualquer vidinha regrada que se queira levar. Mas no resto dos dias ando a ver se me porto bem, se deixo comida feita de véspera, se faço mais sopa, se como mais salada, mais peixe, se não salto refeições, se levo lanches de jeito para o trabalho e não faço jejuns de sete horas, se não viro diabética tão cedo. Não ando a passar fome, zerinhos, nem ando nisto para perder peso (se não desapareço). Dois dias num regime desses e já não sabia dizer quanto são dois vezes três. Resumindo, é uma tentativa de um projecto a longo termo. Não acredito em dietas, num dia come-se tudo, no dia seguinte acabou-se o arroz, a massa, as batatas, o pão, o açúcar, as bebidas com gás, os doces. Chega o dia da asneira e marcham pizzas, gelados, crepes com Nutella, antes que chegue a meia-noite e os verdes voltem a atacar... Juízo, sim?
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