É ponto assente que a publicidade tem uma grande influência na decisão de compra. Uma pessoa é bombardeada com anúncios, por todos os lados ouve dizer maravilhas daquele produto, a música fica no ouvido, e começa a crescer a curiosidade. Daí à compra é um tirinho.
Mas nunca me tinha apercebido do verdadeiro impacto da publicidade, até começar a trabalhar numa farmácia. Um produto começa a passar na televisão ou na rádio, e as vendas disparam. É certinho. Porque é mesmo assim que funciona: as pessoas pedem "aquele medicamento assim-assim que dá na televisão". Até pode ser uma valente merda, não acrescentar nada aos milhentos produtos que já existem no mercado para o mesmo efeito, mas isso não interessa nada. Interessa é que na paragem de autocarro estava aquele medicamento escarrapachado, portanto aquele é que é bom.
De pouco servem os argumentos de quem estudou quatro ou cinco anos para estar ali atrás do balcão. Até podemos explicar que aquele produto não é o mais aconselhado naquela situação, que existe outro que seria mais eficaz. Porque afinal quem percebe de medicamentos não somos nós, mas sim os locutores de rádio.
Se é aconselhado por nós provavelmente não vale nada, nem fez efeito nenhum, aquela gente da farmácia quer é despachar o que tem em stock. Mas se daqui a dois meses começar a passar na televisão, então afinal é muita bom, basta ver a cara feliz e a voz doce dos figurantes, não há nada como ter uma opinião isenta de quem percebe do assunto.
(para tornar tudo ainda mais divertido, acresce o pequeno pormenor de eu raramente ver televisão, e não ter ideia dos anúncios que aí andam. Já vos disse que vou de férias?)