Gostava de ter vivido numa geração em que as pessoas iam para a universidade porque tinham um mínimo de vontade e vocação para aquilo que iam estudar. E, se não a tivessem, iam fazer outra coisa qualquer da vida. Mas os que estavam, estavam mesmo por gosto, por quererem aprender mais sobre aquela área e delinearem uma profissão a partir daí.
Agora vai-se para a universidade porque sim, não há argumento mais simples. O secundário acaba e não há outro caminho, não se sabe fazer nada que possa interessar ao mercado de trabalho, que remédio senão ir queimar mais umas pestanas.
Consequência disso, as médias roçam a linha de água e entrar na maioria dos cursos deixou de ser difícil. Sair pode dar mais trabalho, mas eventualmente lá se consegue... mais ano, menos ano.
É que apesar da diferença de idades entre mim e os actuais universitários não ser assim tanta, a de mentalidades é abismal. Caso para dizer que no meu tempo as coisas não eram assim, não se via esta apatia e encolher de ombros perante aquilo que será o ponto de partida para os próximos quarenta anos. Bora lá escolher um curso com média baixa, odeio as cadeiras todas, nem sei o que é que faço com isto daqui a uns anos mas isso agora não interessa nada, venham as noites de farra.
Eu sou a maior defensora desta experiência académica, de pegar nas malas e ir estudar para outra cidade, conhecer gente nova, aprender a gerir uma casa, uma conta bancária, um tacho de arroz. Mas pelo caminho convém que se dediquem aquilo que estão cá a fazer.
Um curso superior é sempre uma mais-valia e, mesmo que depois não se trabalhe na área, há sempre coisas que se aprendem e que dão jeito. Mas tirem lá essa cara de frete enquanto cá andam, senão mais vale irem fazer outra coisa qualquer. O Estado não vai atrás dos vossos pais por faltarem à escola.
Já vi menos jeitos de os ver chegar de fraldas.