Podes ficar com as jóias, o carro e a casa

Mas não me levem os livros.

Odeio emprestar livros, faço-o sempre a contragosto. Não é que não goste de partilhar as minhas coisas, até o carro já emprestei de boa vontade. E percebo a lógica, porque os livros não são propriamente baratos e, regra geral, pegamos uma vez ou duas e passam o resto da vida na estante. Partilhar é bonito, que é. Mas com os livros dá-me uma certa urticária porque sei que nunca os devolvem tal e qual como os levaram. E eu sou picuinhas, não dobro as folhas, não vinco as lombadas. Já era assim com os da escola, estão como novos apesar dos anos que já lá vão. Não interessa agora entrarmos em contas.

O meu trauma começou por volta dos 10 anos, quando emprestei um livro do Harry Potter a uma colega de turma. Sim, sou dessa geração e devorei os livros num sopro. O livro foi para lá como novo e voltou como se tivesse andado na guerra do Vietname. Sónia, se me estás a ouvir, nunca mais te vi como os mesmos olhos e desejo sinceramente que o teu namorado (se tiveres algum, que é feito de ti, rapariga?) te trate como trataste o meu livro, desejada e estimada prenda de Natal.

Portanto se me pedirem um livro emprestado, o sim é garantido mas a cara de frete também. Sei que não é bonito mas é sincero, e é o melhor que levam daqui.